05 agosto 2014

Alcoolismo

Por 
CARLOS AUGUSTO GALVÃO
Psiquiatra      
São Paulo - SP
carlosafgalvao@terra.com.br








ALCOOLISMO

Desde há muito tempo o homem convive com o álcool; escrituras religiosas antigas já citam esta substância: A religião judaica cita umas jovens que, preocupadas com a falta de varões na comunidade onde viviam, resolveram embriagar o pai, para deitarem com ele e dele conceberem. No Cristianismo observamos que Jesus, na Santa Ceia, elegeu o vinho como representante de seu sangue e orientou seus seguidores que o bebessem em sua memória.

Nos dias de hoje o álcool, apesar de ser complemento lúdico, representa uma das maiores preocupações universais devido à doença que ele gera: o alcoolismo, que destrói organismos, famílias e sociedades. O alcoolismo acontece devido a duas grandes vertentes humanas: a genética e o conteúdo cultural dos indivíduos. 

Existem famílias em que a incidência do alcoolismo mostra claramente o componente genético, uma vez que esta doença se espalha pelas gerações, mas não pode ser subestimado o fator cultural, visto que tal doença também aparece em indivíduos de famílias sem evidência do fator genético. 

Crianças costumam imitar adultos, e sempre ouvem: “Isto é coisa de gente grande”. Para elas (as crianças) se beber é coisa de gente grande, isto serve de estímulo ao consumo do álcool, principalmente no caso dos adolescentes, já que passam a consumir cerveja, por exemplo, para se mostrarem mais adultos. 

Podemos dizer que hoje pelo menos a metade dos leitos hospitalares do Brasil estão ocupados por doenças relacionadas com o álcool. A partir daí imaginemos o impacto do álcool nas sociedades em geral. O álcool pode levar um indivíduo ao ridículo, a acidentes ou ao crime. 

Ao rebaixar a cautela, o senso crítico e a cognição do indivíduo, pode levar este a atitudes impensadas, intempestivas e impulsivas. Ao rebaixar o discernimento, leva o indivíduo a colocar a sua e a vida dos outros em risco, como observamos, por exemplo, nos indivíduos embriagados que dirigem veículos. Há relatos de um padre católico que, estando em estado de embriaguês numa missa de corpo presente, chegou perto do defunto e falou em altos brados: - “Levanta e anda!”. Imaginem o constrangimento. 


Como se deve combater o alcoolismo? A maneira mais simples seria proibir a fabricação e comercialização além de criminalizar o consumo. Já foi tentado nos EUA e de nada adiantou; o consumo não caiu e a criminalidade aumentou, pois esta substância ficou nas mãos de facínoras e organizações criminosas. 

Além do que não se pode perder de vista que bebidas alcoólicas são pautas importantes na economia de alguns países, como a França, por exemplo, onde o vinho se apresenta com um de seus principais produtos de exportação. Campanhas sanitárias de esclarecimento teriam muita importância para debelar, ou ao menos diminuir a incidência desta moléstia. 

O alvo principal destas campanhas deveria ser os que estão mais expostos ao alcoolismo: as crianças e jovens oriundos de famílias em que a incidência do alcoolismo se mostra mais acentuada, esclarecendo e mostrando o mal que esta substância causa na vida dos indivíduos, inclusive as crises que seguramente enfrentam dentro de suas próprias famílias e responsabilizando o abuso do consumo nestas crises.


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