Por
GUSTAVO DIAMANTINO
Jornalista
São Paulo - SP
GUSTAVO DIAMANTINO
Jornalista
São Paulo - SP
PRODUTIVIDADE NO TRABALHO
Lanço
um desafio ao leitor: você lembra-se de quando foi a última vez em que iniciou
e concluiu uma tarefa sem dar uma espiada no Facebook, checar o e-mail ou responder
um WhatsApp?
Pois
bem, eu confesso que não me lembro. Vou além: será que nos poucos minutos
necessários para a leitura desse texto provavelmente você fará uma pausa?
Depois me conte.
Embora
a desatenção no escritório não seja nenhuma novidade, essa é uma questão que
tem sido muito debatida nas empresas e por consultores.
Isso
porque, em tempos de cenário econômico incerto, como o que vivemos atualmente,
a tendência das companhias é enxugar cada vez mais suas estruturas, o que resulta
no famoso conceito de “fazer mais por menos”.
Como
consequência, jornadas mais longas e estressantes, mas que não significam
necessariamente tarefas concluídas. Foi o que revelou uma pesquisa feita pela
consultoria Robert Half com mil diretores de recursos humanos de oito países,
dos quais cem brasileiros, e publicada no jornal Valor Econômico. De acordo com
o levantamento, no Brasil, 60% dos funcionários das empresas nas quais os
gestores foram ouvidos concluem entre 41% e 80% das atribuições diárias e
apenas 13% terminam ou chegam perto de terminá-las.
Entre
outras justificativas, ainda segundo a pesquisa, estão a carga excessiva de
trabalho, a falta de profissionais permanentes e uma questão dos tempos
modernos: a interferência das redes sociais.
Não
há como negar que a tecnologia digital tem trazido melhorias significativas no
que se refere à comunicação entre os públicos. Mas como em tudo na vida, há
sempre os dois lados da história, o positivo e o negativo. E no quesito
produtividade, as redes sociais pesam para o lado negativo.
Como
jornalista de formação, sou um voraz consumidor de notícias de todos os tipos
de veículos de comunicação. Destaco desta vez um artigo publicado originalmente
no The Wall Street Journal sobre
distração no trabalho. A reportagem mostrou que pesquisas acadêmicas revelam
que os funcionários de escritório são interrompidos – ou interrompem a si
mesmos – mais ou menos a cada três minutos, seja em forma digital ou humana.
Já
parou para pensar nisso? Mais impressionante ainda é a consequência: uma vez
interrompido o raciocínio, o trabalhador pode demorar até 23 minutos para
voltar à sua tarefa, de acordo com uma docente da Universidade da Califórnia
que estuda a distração digital.
Fato
é que infelizmente produtividade no trabalho nunca foi uma realidade positiva
no Brasil. São vários os motivos: nível de educação, falta de capacitação
técnica, meio de transporte problemático, infraestrutura defasada. A somatória
destes problemas coloca o País na indesejável e vergonhosa posição 81 de um
ranking de produtividade com 122 países pesquisados por uma consultoria com
sede em Nova Iorque chamada The
Conference Board. Na prática, a título exemplificativo: um trabalhador
americano produz em um dia o que um brasileiro leva quase seis para fazer.
Como
equacionar essa conta? Eis a resposta que muita gente procura. Tenho participado
de muitos debates e trocado experiência com representantes diversas empresas,
em geral clientes da agência de comunicação corporativa que digiro, que vão
desde multinacionais que faturam bilhões a startups.
Há aquelas que optaram pela proibição de acesso a redes sociais, enquanto há
outras que escolheram o caminho da conscientização dos funcionários; há outras
empresas que instituíram as “reuniões de 20 minutos”; também há quem criou
políticas como o “lanche da tarde diário”, para ser o momento de descontração e
evitar a distração ao longo do dia.
É
claro que o problema da produtividade é muito maior e necessita de melhorias na
educação, aumento de investimento em tecnologia e tantos outros aspectos que
consumirão alguns milhões de reais e muitos anos pela frente. Qualquer
iniciativa, entretanto, por menor que seja, representa o início para a busca de
uma solução.
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Gustavo Diamantino – Press à Porter Gestão de Imagem
Diretor de Operações
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