25 setembro 2015

Produtividade no trabalho


Por 
GUSTAVO DIAMANTINO
Jornalista
São Paulo - SP






PRODUTIVIDADE NO TRABALHO

Lanço um desafio ao leitor: você lembra-se de quando foi a última vez em que iniciou e concluiu uma tarefa sem dar uma espiada no Facebook, checar o e-mail ou responder um WhatsApp?

Pois bem, eu confesso que não me lembro. Vou além: será que nos poucos minutos necessários para a leitura desse texto provavelmente você fará uma pausa? Depois me conte.

Embora a desatenção no escritório não seja nenhuma novidade, essa é uma questão que tem sido muito debatida nas empresas e por consultores.

Isso porque, em tempos de cenário econômico incerto, como o que vivemos atualmente, a tendência das companhias é enxugar cada vez mais suas estruturas, o que resulta no famoso conceito de “fazer mais por menos”.


Como consequência, jornadas mais longas e estressantes, mas que não significam necessariamente tarefas concluídas. Foi o que revelou uma pesquisa feita pela consultoria Robert Half com mil diretores de recursos humanos de oito países, dos quais cem brasileiros, e publicada no jornal Valor Econômico. De acordo com o levantamento, no Brasil, 60% dos funcionários das empresas nas quais os gestores foram ouvidos concluem entre 41% e 80% das atribuições diárias e apenas 13% terminam ou chegam perto de terminá-las.

Entre outras justificativas, ainda segundo a pesquisa, estão a carga excessiva de trabalho, a falta de profissionais permanentes e uma questão dos tempos modernos: a interferência das redes sociais.

Não há como negar que a tecnologia digital tem trazido melhorias significativas no que se refere à comunicação entre os públicos. Mas como em tudo na vida, há sempre os dois lados da história, o positivo e o negativo. E no quesito produtividade, as redes sociais pesam para o lado negativo.

Como jornalista de formação, sou um voraz consumidor de notícias de todos os tipos de veículos de comunicação. Destaco desta vez um artigo publicado originalmente no The Wall Street Journal sobre distração no trabalho. A reportagem mostrou que pesquisas acadêmicas revelam que os funcionários de escritório são interrompidos – ou interrompem a si mesmos – mais ou menos a cada três minutos, seja em forma digital ou humana.

Já parou para pensar nisso? Mais impressionante ainda é a consequência: uma vez interrompido o raciocínio, o trabalhador pode demorar até 23 minutos para voltar à sua tarefa, de acordo com uma docente da Universidade da Califórnia que estuda a distração digital.

Fato é que infelizmente produtividade no trabalho nunca foi uma realidade positiva no Brasil. São vários os motivos: nível de educação, falta de capacitação técnica, meio de transporte problemático, infraestrutura defasada. A somatória destes problemas coloca o País na indesejável e vergonhosa posição 81 de um ranking de produtividade com 122 países pesquisados por uma consultoria com sede em Nova Iorque chamada The Conference Board. Na prática, a título exemplificativo: um trabalhador americano produz em um dia o que um brasileiro leva quase seis para fazer.

Como equacionar essa conta? Eis a resposta que muita gente procura. Tenho participado de muitos debates e trocado experiência com representantes diversas empresas, em geral clientes da agência de comunicação corporativa que digiro, que vão desde multinacionais que faturam bilhões a startups. Há aquelas que optaram pela proibição de acesso a redes sociais, enquanto há outras que escolheram o caminho da conscientização dos funcionários; há outras empresas que instituíram as “reuniões de 20 minutos”; também há quem criou políticas como o “lanche da tarde diário”, para ser o momento de descontração e evitar a distração ao longo do dia.


É claro que o problema da produtividade é muito maior e necessita de melhorias na educação, aumento de investimento em tecnologia e tantos outros aspectos que consumirão alguns milhões de reais e muitos anos pela frente. Qualquer iniciativa, entretanto, por menor que seja, representa o início para a busca de uma solução.

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Gustavo Diamantino – Press à Porter Gestão de Imagem
Diretor de Operações
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