20 novembro 2014

Mentira

Por 
CARLOS AUGUSTO GALVÃO
Psiquiatra      
São Paulo - SP
carlosafgalvao@terra.com.br








MENTIRA

“A mentira tem pernas curtas”, “A mentira é do diabo”, “Em tempo de guerra, mais mentira do que terra”... São inúmeros os adágios populares que ouvimos desde criança e que deploram a mentira. 

Há muito a humanidade criou regras para a harmonia entre os componentes de uma sociedade e que favoreçam o progresso cultural desta sociedade. A mentira é um artefato do pensamento humano, talvez o mais danoso para a convivência entre as pessoas, e sempre é revestida e relacionada com a perfídia, o mau costume, os ardis, mas nem sempre gera prejuízos para quem a recebe. 

Mente-se para encobrir malfeitorias, para caluniar, para trair... mente-se em busca de locupletações, para dar vazão a ambições... Visto por estes ângulos, a mentira é, de fato,  algo horrível que necessita ser combatida com veemência. Mas, como tudo que é relacionado com o pensamento humano, pode-se ver a mentira de outras maneiras mais amenas enquanto conceito. 

Existem as “mentiras piedosas”, quando se poupa alguém de uma notícia catastrófica; não podemos deixar de pensar nos que mentem para si mesmos, para sofismar uma realidade desconfortável por exemplo, a famosa raposa, incomodada por não alcançar um belo cacho de uvas, sai resmungando que “as uvas estavam verdes”. 


A mentira pode ser lúdica; observamos perfeitamente num jogo de pôquer, quando quem tem a capacidade de mentir sem dar na vista pode ganhar uma partida: o famoso blefe não deixa de ser uma mentira. 

Muito usada no dia a dia e também muito observada, visto que existem pessoas que mentem apenas pelo prazer de mentir, a mentira pode ser enaltecida como grande estratégia.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os ingleses enganaram os alemães com uma mentira altamente enaltecedora: puseram maquetas numa determinada região mais próxima da costa francesa. Os alemães reforçaram aquela região, mas a invasão na França ocupada ocorreu na região da Normandia, muito distante de onde os alemães imaginavam. 

A mentira, portanto, às vezes diverte, traz lucros, mascara situações, lesiona, mas quem a usa não pode perder de vista que “A mentira é um manto esfarrapado e curto que nunca consegue cobrir a verdade”.

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