23 janeiro 2015

Chega de angústia

Por 
TOM COELHO
Educador, conferencista
e escritor
São Paulo - SP
tomcoelho@tomcoelho.com.br







CHEGA DE ANGÚSTIA

“Ninguém muda ninguém; ninguém muda sozinho; nós mudamos nos encontros.”
(Roberto Crema)

Eu poderia ter desejado um tradicional “Feliz Natal”, mas isso garantiria não mais do que dois dias de felicidade. Já votos protocolares de “Boas Festas” se estenderiam por apenas uma semana. Por isso, passado esse período, quero desejar a você algo capaz de perdurar por todo um ano: chega de angústia!

Ansiedade e angústia tornaram-se companheiros indesejados. A ansiedade representa um estado de impaciência, de inquietação, um desejo recôndito de antecipar uma decisão, de abreviar uma resposta, de aplacar expectativas.

A angústia é uma sensação de desconforto, um mal-estar físico que oprime a garganta, comprime o diafragma, acelera o pulso, e um mal-estar psíquico que aflige, agoniza, atormenta.

A ansiedade é um tempo que não chega; a angústia, um tempo que não vai embora.

Amantes que aguardam pelo encontro é ansiedade; relacionamentos desgastados que não terminam é angústia. O prenúncio do final de semana para um pai divorciado é ansiedade; a despedida dos filhos no domingo é angústia. A espera pelo resultado de um concurso é ansiedade; ter seu nome classificado em uma lista de espera é angústia. A expectativa do primeiro dia de trabalho é ansiedade; o fim do expediente que demora é angústia.

Obra de José de Jesús Alfaro Siqueiros, 
mais conhecido como David Alfaro Siqueiros, pintor mexicano (1896 - 1974)

Ficamos angustiados por opção, por força de nossas próprias escolhas, por causa de coisas e pessoas. Assumimos compromissos financeiros que não podemos saldar, adquirimos bens pelos quais não podemos pagar. Tudo em busca de status. Compramos o que não precisamos, com o dinheiro que não temos, para mostrar a quem não gostamos uma pessoa que não somos. O ato da compra é sublime e fugaz. A obrigação decorrente é amarga e duradoura. E angustiante.

Muitas são as pessoas que nos angustiam com suas argumentações, pleitos ou mera presença. O telefone toca e ao identificar o número você hesita em atender. Uma visita é anunciada e sua vontade é simplesmente mandar dizer que não está.

De tanto cultivar a ansiedade, de tanto se permitir a angústia, colhemos a depressão. Então lançamos mão de um comprimido de Prozac e fingimos estar tudo bem.

Por isso, meu convite é para que você dê um basta em sua angústia. Demita de sua vida quem e o que não lhe faz bem. Pode ser um cliente chato ou um fornecedor desatencioso; um amigo supostamente leal, porém, na verdade, um interesseiro contumaz; ou um amor não correspondido.


Tome iniciativas que você tem protelado. Relacione tarefas pendentes e programe datas para conclusão. Limpe gavetas, elimine arquivos desnecessários. Revise sua agenda de contatos e sua coleção de cartões de visita, rejeitando quem você nem mais conhece – e que talvez nunca tenha conhecido.

Vá ao encontro de quem você gosta para demonstrar-lhe sua afeição. Peça perdão a quem se diz magoado com você, mesmo acreditando não tê-lo feito. Ofereça flores, uma canção, um abraço e um aperto de mãos. Ofereça seus ouvidos e sua atenção.

A vida é breve e parece estar cada vez mais curta porque o tempo escorre-nos pelas mãos.  Compromissos inadiáveis, reuniões inter-mináveis, trânsito insuportável. Refeições em fast food, decisões fast track, rela-cionamentos fast love. Cotidiano que sufoca, reprime, deprime.

Caminhar pelas ruas, admirar a lua, contar estrelas, observar o desenho que as nuvens formam no céu. Encontrar amigos, saborear os alimentos, apreciar os filhos. Escolha ficar mais leve, viver com serenidade. Libere o peso angustiante que carrega em suas costas. Viva, não apenas se deixe viver.

***
Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17 países. É autor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e comportamento”, “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional” e coautor de outras seis obras.
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2 comentários:

Anônimo disse...

Mais do mesmo. Não é a toa que sou o primeiro a fazer um comentário.
O Brasil está endividado meu caro.O Planeta Terra caminha a passos largo para o fim.Não existe solidariedade.Pessoas não se comunicam mais no corpo a corpo.
Óbviamente,vc é profissiional,e,como tal,precisa vender seu ponto de vista.
"Caminhar pelas ruas, admirar a lua, contar estrelas, observar o desenho que as nuvens formam no céu. Encontrar amigos, saborear os alimentos, apreciar os filhos. Escolha ficar mais leve, viver com serenidade. Libere o peso angustiante que carrega em suas costas. Viva, não apenas se deixe viver." UTOPIA! Quando vc cita um colega que se formou pela "USP" e não sabe o que é juro composto,só faltou dizer que o mesmo é um idiota! Falar para uma platéia de poucos é fácil,tente fazer sua palestra em uma comunidade! Pessoas com boas intenções, O INFERNO ESTÁ ABARROTADO!

Anônimo disse...

Prezado “Anônimo”.
Não preciso “vender meu ponto de vista”. Escrevo por prazer, não recebo pelos meus artigos, e meu propósito é promover a reflexão.
O colega da USP não é um “idiota”. É apenas mais um possível analfabeto funcional.
Não falo apenas para plateia de poucos ouvintes, mas também para mais de 3 mil pessoas reunidas em eventos, inclusive públicos.
E a utopia mora naqueles que sequer têm a dignidade de se identificar ao postar um comentário...

Tom Coelho
tomcoelho@tomcoelho.com.br

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