27 março 2015

Academia de Medicina de São Paulo - 120 anos de história

Por 
HELIO BEGLIOMINI
Médico e escritor
Cadeira 21 - fundador
São Paulo - SP
heomini.ops@terra.com.br







ACADEMIA DE MEDICINA DE SÃO PAULO:
120 ANOS DE HISTÓRIA

A Academia de Medicina de São Paulo, surgida como Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, em 7 de março de 1895, é a mais antiga instituição associativa médica paulista e uma das mais longevas, no gênero, do Brasil! À época de sua fundação, funcionava como um polo aglutinador e referencial da classe médica, que propiciava não somente ao que hoje chamamos de educação continuada, como também se constituía num ambicionado areópago, onde se apresentavam e se discutiam ideias de trabalhos inovadores. Ademais, dentre outras funções, nela se exercitava de forma incipiente a ética e a defesa profissional, embora estes termos sequer fossem explícitos ou tivessem o mesmo valor e compreensão atuais, que lhes foram paulatinamente acrisolados pelo tempo.

Com o evoluir das décadas subsequentes houve aumento exponencial da população e, proporcionalmente, em menor escala do contingente médico; implicações e responsabilidades sociais crescentes, assim como a multiplicação de conhecimentos, que redundaram, inexoravelmente, na necessidade de se diversificar, organizar e se especializar em diversas frentes de atuação relacionadas ao trabalho médico. 



Assim, em 1929, surgia o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), embora só tivesse reconhecimento em 29 de maio de 1941; em 29 de novembro de  1930 foi criada a Associação Paulista de Medicina (APM) com 100 associados fundadores – entidade ilimitada quanto ao número de associados –, diferentemente do que determinava o estatuto da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, então, com quase 35 anos de existência, a uma restrita elite participante; em 26 de janeiro de 1951, foi inaugurada a Associação Médica Brasileira (AMB); os Conselhos Regionais de Medicina, que instituídos inicialmente pelo Decreto-Lei no 7.955, de 13 de setembro de 1945, adquiriram suas características atuais somente a partir da Lei no 3.268, de 30 de setembro de 1957; o Conselho Federal de Medicina (CFM), criado em 1951, bem como dezenas e dezenas de sociedades de especialidades e subespecialidades surgidas a partir das primeiras décadas do século XX. 

Em decorrência, como entender o papel da Academia de Medicina de São Paulo dentre outras congêneres no contexto pluriforme da atualidade? Teria sentido mantê-la?  Teria algo a mais a contribuir? Faz sentido sua continuidade? A estas três últimas perguntas não tenho dúvida nenhuma de que a resposta é categórica e peremptoriamente afirmativa.

Os silogeus não devem competir com quaisquer entidades afins em seus misteres. Ao contrário, devem utilizar a expertise, a proficiência e a sabedoria de seus profissionais – indiscutíveis virtudes! – em ações sinérgicas em prol de interesses comuns, e, no caso da medicina, vale ressaltar: a defesa insopitável e inegociável da vida humana – maior patrimônio do planeta Terra! – em todas as suas fases, particularmente as mais frágeis e indefesas; a busca incansável pelo esmerado, zeloso e honrado exercício profissional; a defesa intransigente do paciente, fulcro maior da arte de Hipócrates (460 a.C. – 377 a.C); o resgate e o incentivo do humanismo e da caridade na abordagem do enfermo; a valorização de pesquisas científicas em prol do ser humano; o estímulo pelo contínuo aprimoramento e atualização do conhecimento médico; a busca pela melhoria das condições de trabalho; a luta por honorários dignos; e o incremento cultural da classe médica com valorização particular à história da medicina e seus heróis na arte de curar.



Em ação complementar, uma Academia de Medicina deve tratar com atenção todas as ações na área da saúde, e, de modo especial, aquelas que se referem à saúde pública, que visem à prevenção, minoração ou erradicação de doenças e condições mórbidas, pois não se pode minimizar sua necessária ação social, seja de forma explícita, seja implícita. 

A Academia de Medicina de São Paulo tem albergado desde o seu nascedouro ilustres esculápios que se destacaram no exercício da profissão; que atuaram ou que atuam como cientistas, pesquisadores e professores universitários ou em hospitais de ensino; que dirigiram ou dirigem serviços especializados, hospitais e faculdades, ou que governaram universidades; que desempenharam ou desempenham os mais diversos cargos e funções governamentais atinentes ao município, ao estado e à nação; que integraram ou que integram com destaque inúmeras sociedades de especialidades; que dignificaram ou dignificam entidades de defesa da classe, tais como o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), a APM, o Simesp, o CFM e a AMB. Ademais, muitos de seus membros igualmente se destacaram ou se destacam como escritores, pensadores e intelectuais de escol, pois também pertenceram ou fazem parte de renomadas entidades científicas internacionais, assim como de silogeus literários e culturais, que lhes conferiram significativas honrarias e homenagens.

Esse inestimável e multiforme cabedal curricular – ético, científico, histórico, educacional, cultural, intelectual e profissional, dificilmente passível de se reunir em quaisquer entidades da classe, tem-se constituído secularmente – sem dúvida alguma!!! – no maior patrimônio da Academia de Medicina de São Paulo. Ele deve ser catalisado sinergicamente com outras entidades afins para o contínuo aprimoramento e dignificação do mister hipocrático.

Conhecendo apreciável parte de seu passado; de seus ilustres membros de antanho, assim como sendo testemunha ocular do último quartel de sua história, tenho certeza que a Academia de Medicina de São Paulo é tão ou mais necessária à medicina, aos médicos e à sociedade paulista do que foi em seus albores, pois nela reside irretorquível e inextricavelmente o lastro da essência médica!!!

Que esses 120 anos de existência da Academia de Medicina de São Paulo sejam não somente motivo de efusiva comemoração, mas também de reflexão, a fim de que este augusto silogeu e seus membros possam melhor planejar e empreender com galhardia e destemor a caminhada de seus próximos decênios. 
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