06 março 2018

POEMA PARA MEU POETA
















Ah... Meu poeta,
Nossos caminhos cansados
Encontraram-se ao acaso
Na intercessão dos versos
Abraçando sonho imenso
Ao buscar o tosão dourado
Nas agruras do destino
Nos raios do pensamento

Duas almas cristalinas
Cheias de grandes vivências
Entregam-se ao ópio sagrado
De mitos e seres alados
Semeando sentimentos
Adormecidos, guardados,
Co’a lira que embala o sono
De sereias e soldados.

Seduzidos por Nefele
Deitados em nuvens de planos
Dois corações e um apreço
Em apelo oceânico
Querem um novo começo
Disfarçado de convite
Nos versos que se oferecem
Plenos de anseios risonhos
O suor na tarde quente
Perfumado de aromas
Cedendo à busca inclemente
-Até um pouco indecente-
De misturar-se ao que ama
Inflamado e sem pejo
Sem mensurar o desfecho
Das horas que Eros planta

Mas... Amor? Falo de amor?
Será amor a intensa chama
Que se eleva sinuosa
Quando o desejo clama?
Não seria muito ousada
Falando em nome do amor
Da paixão que nos abrasa
Sem que saibamos teor?

Sei que entendes e que sabes
Que o fio permeia o bordado
Pra costurar outros sonhos
Que acalentam meus pecados
Pois sem pecados sou anjo
Voando meus desencantos
Sem o azul celestial
E asas quase em frangalhos

Mas, é pecado querer?
Que deuses ficam irados
Se invejam do mortal
O viço de amar sem cuidado
Bebendo em cálice d’ouro
Amores febris e devassos
Que co’a flechada de Eros
Desprezam dias de enfado?

Não vou roubar um amor
Eu não o teria à força
Cedo ao apelo da alma
Ciente desse caminho
Que o sentimento arvora:
Momentos de torvelinho
Em beijos, instantes roubados
Que um dia se vão embora

Então, meu doce poeta
Traz tua lira encantada
Cala o mundo e as fronteiras
Deixa o desejo que exala
Envolver os teus cabelos
Em pensamentos risonhos
Teu corpo imerso no meu
No banho de odores e sonhos

Lacra teus lábios nos meus
E nada digas, mais nada
Deixa os cascalhos da estrada
E a poeira do caminho
Serem tuas vias benditas
O elixir da conquista
Que finaliza a jornada
No gozo que na vida habita

Poetas são sempre assim,
Exalam generosidade
São únicos e fazem saber
Que o sentimento só cala
Quando o viver foi embora
O amor cansou de querer
E a alma enfim libertada
Deixou de tanto sofrer

Estamos aprisionados
Nesse querer que é carrasco
Na ânsia que torna demente
Esse apelo tresloucado
Que teima em seguir em frente
Esquecendo o passado
De amores e antigas dores
O fado cantado... Suado

Lacra teus lábios nos meus
Sorve o ar que respiro
Para saberes que tu
És todo o ar que inspiro
Serei meiga e generosa
Como merece um poeta
De encantos de igual magia
A suspirar pelas frestas

Sob o sol abrasador
Que aquece o teu sertão
Serei tua, serás meu
Enquanto durar a emoção
Sem querer eternidade
Sem mergulhar na saudade
Que chega e se faz tarde
Feito chuvas de verão

Abissal no absoluto
Terás de mim todo o céu
No teu outono noturno
De siderais tão fecundos
Tu me darás novo mundo
De cordoalhas ao léu
E te serei primavera
De verso, doçura e mel.

São palavras que nos movem
Montanhas de ilusão
Não importa, nada é certo
A vida é o abismo do eterno
E os versos que agora te entrego
Bem antes que chegue o inverno
Serão saudades decerto
Na intercessão da razão

Queres vir? Estou disposta
Eu mesma te abro a porta
Não precisas me pedir
Um dia as horas mortas
Delírios serão, quem se importa?
Os mitos vivem de glórias
Tu e eu de certa história
Que um prazer quer nutrir...
_________________________________
Por Josyanne Rita de Arruda Franco
Médica e escritora
Jundiaí -SP




Nenhum comentário:

QUE PENA! O MUNDO DÁ VOLTAS

Por: ALESSANDRA LELES ROCHA Professora, bióloga e escritora Uberlândia - MG Algum dia você já se perguntou do que depende a s...