Ah...
Meu poeta,
Nossos
caminhos cansados
Encontraram-se
ao acaso
Na
intercessão dos versos
Abraçando
sonho imenso
Ao
buscar o tosão dourado
Nas
agruras do destino
Nos
raios do pensamento
Duas
almas cristalinas
Cheias
de grandes vivências
Entregam-se
ao ópio sagrado
De
mitos e seres alados
Semeando
sentimentos
Adormecidos,
guardados,
Co’a
lira que embala o sono
De
sereias e soldados.
Seduzidos
por Nefele
Deitados
em nuvens de planos
Dois
corações e um apreço
Em
apelo oceânico
Querem
um novo começo
Disfarçado
de convite
Nos
versos que se oferecem
Plenos
de anseios risonhos
O suor
na tarde quente
Perfumado
de aromas
Cedendo
à busca inclemente
-Até
um pouco indecente-
De
misturar-se ao que ama
Inflamado
e sem pejo
Sem
mensurar o desfecho
Das
horas que Eros planta
Mas...
Amor? Falo de amor?
Será
amor a intensa chama
Que
se eleva sinuosa
Quando
o desejo clama?
Não
seria muito ousada
Falando
em nome do amor
Da
paixão que nos abrasa
Sem
que saibamos teor?
Sei
que entendes e que sabes
Que
o fio permeia o bordado
Pra
costurar outros sonhos
Que
acalentam meus pecados
Pois
sem pecados sou anjo
Voando
meus desencantos
Sem
o azul celestial
E
asas quase em frangalhos
Mas,
é pecado querer?
Que
deuses ficam irados
Se
invejam do mortal
O
viço de amar sem cuidado
Bebendo
em cálice d’ouro
Amores
febris e devassos
Que
co’a flechada de Eros
Desprezam
dias de enfado?
Não
vou roubar um amor
Eu
não o teria à força
Cedo
ao apelo da alma
Ciente
desse caminho
Que
o sentimento arvora:
Momentos
de torvelinho
Em
beijos, instantes roubados
Que
um dia se vão embora
Então,
meu doce poeta
Traz
tua lira encantada
Cala
o mundo e as fronteiras
Deixa
o desejo que exala
Envolver
os teus cabelos
Em
pensamentos risonhos
Teu
corpo imerso no meu
No
banho de odores e sonhos
Lacra
teus lábios nos meus
E
nada digas, mais nada
Deixa
os cascalhos da estrada
E a
poeira do caminho
Serem
tuas vias benditas
O elixir
da conquista
Que
finaliza a jornada
No
gozo que na vida habita
Poetas
são sempre assim,
Exalam
generosidade
São
únicos e fazem saber
Que
o sentimento só cala
Quando
o viver foi embora
O
amor cansou de querer
E
a alma enfim libertada
Deixou
de tanto sofrer
Estamos
aprisionados
Nesse
querer que é carrasco
Na
ânsia que torna demente
Esse
apelo tresloucado
Que
teima em seguir em frente
Esquecendo
o passado
De
amores e antigas dores
O
fado cantado... Suado
Lacra
teus lábios nos meus
Sorve
o ar que respiro
Para
saberes que tu
És
todo o ar que inspiro
Serei
meiga e generosa
Como
merece um poeta
De
encantos de igual magia
A
suspirar pelas frestas
Sob
o sol abrasador
Que
aquece o teu sertão
Serei
tua, serás meu
Enquanto
durar a emoção
Sem
querer eternidade
Sem
mergulhar na saudade
Que
chega e se faz tarde
Feito
chuvas de verão
Abissal
no absoluto
Terás
de mim todo o céu
No
teu outono noturno
De
siderais tão fecundos
Tu
me darás novo mundo
De
cordoalhas ao léu
E
te serei primavera
De
verso, doçura e mel.
São
palavras que nos movem
Montanhas
de ilusão
Não
importa, nada é certo
A
vida é o abismo do eterno
E
os versos que agora te entrego
Bem
antes que chegue o inverno
Serão
saudades decerto
Na
intercessão da razão
Queres
vir? Estou disposta
Eu
mesma te abro a porta
Não
precisas me pedir
Um
dia as horas mortas
Delírios
serão, quem se importa?
Os
mitos vivem de glórias
Tu
e eu de certa história
Que
um prazer quer nutrir...
_________________________________
Por Josyanne Rita de Arruda Franco
Médica e escritora
Jundiaí -SP
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