05 agosto 2014

O extinto pássaro Dodô

Por 
ROBERTO ANTONIO ANICHE
Médico, filatelista e escritor
São Paulo - SP
aniche@uol.com.br








O EXTINTO PÁSSARO DODÔ

O Pássaro Dodô,  também chamado de Dronte (Raphus cucullatus) foi uma ave não voadora extinta das Ilhas Maurícias, uma das ilhas Mascarenhas na costa leste da África, perto de Madagascar, no Oceano Índico. A ave mais próxima geneticamente foi a também extinta solitário-de-rodrigues, também da subfamília Raphidae da família das pombas; sendo que a mais semelhante ainda viva é o pombo-de-nicobar.

O Dodô tinha cerca de um metro de altura e podia pesar entre 10 e 23 quilos. A aparência externa é conhecida apenas por pinturas e textos escritos no século XVII, e por causa dessa considerável variabilidade a aparência exata é um mistério.  Pouco se sabe com exatidão sobre o habitat e o comportamento, pois há poucos e discordantes textos descritivos: plumagem cinza acastanhado, pata amarela, um tufo de penas na cauda, cabeça cinza sem penas, e o bico de cerca de 23 centímetros, amarelo e verde.


A moela ajudava a ave a digerir os alimentos, incluindo frutas, e acredita-se que o principal habitat tenha sido as florestas costeiras nas áreas mais secas das Ilhas Maurícias. As pedras da moela do Dodô eram de basalto (segundo alguns textos) e não existiam no local onde tinham sido desenterrados os ossos do Dodô, mas a milhas de distância. Essa pedra ia crescendo à medida que crescia a moela, até atingir proporções do tamanho de um ovo de galinha. A pedra da moela dos Dodôs era a preferida para amolar facas! 

Presume-se que o Dodô tenha deixado de voar devido à facilidade de se obter alimento e à relativa inexistência de predadores nas Ilhas Maurícias.

A primeira menção ao Dodô que se conhece foi através de marinheiros holandeses em 1598 (os portugueses visitaram a ilha em 1507, mas não fizeram relatos da ave). Nos anos seguintes, o pássaro foi predado por marinheiros famintos; seus animais domésticos e espécies invasoras que foram introduzidas durante esse tempo alimentavam-se dos ovos nos ninhos. A última ocasião aceita em que o Dodô foi visto data de 1662. A extinção não foi imediatamente noticiada e alguns a consideraram uma criatura mítica. No século XIX, pesquisas conduziram a uma pequena quantidade de vestígios, quatro espécimes trazidos para a Europa no século XVII. Desde então, uma grande quantidade de material subfóssil foi coletado nas Ilhas Maurício, a maioria do pântano Mare aux Songes. 



A extinção do Dodô em apenas cerca de um século após seu descobrimento chamou a atenção para o problema previamente desconhecido da humanidade, envolvendo o desaparecimento por completo de diversas espécies.

As primeiras descrições conhecidas destas aves foram feitas pelos holandeses, que chamaram o pássaro mauriciano de walghvogel ( “pássaro chafurdador” ou “pássaro repugnante”), em referência ao seu gosto. Embora muitos escritos posteriores digam que a carne era ruim, os primeiros jornais apenas diziam que a carne era dura, mas boa, embora não tão boa como a dos pombos, abundantemente disponíveis. O nome walgvogel foi usado pela primeira vez na revista do vice-almirante Wybrand van Warwijck que visitou a ilha em 1598 e denominou-a Maurícia.


Alguns autores atribuem o nome Dodô à palavra holandesa dodoor para “preguiçoso”, mas ele provavelmente está relacionado à palavra dodaars (“nó-bunda”), referindo-se ao nó de penas sobre o traseiro do animal. O primeiro registro da palavra dodaerse está no relato do capitão Willem van Westsanen de 1602.  Thomas Herbert usou o termo Dodô em 1627, mas não está claro se ele foi o primeiro a vê-lo, pois os portugueses já haviam visitado a ilha em 1507, embora não tenham mencionado a ave. De acordo com o Microsoft Encarta e o Chambers Dictionary of Etymology, Dodo seria derivado do português arcaico doudo (atualmente doido). Também há textos afirmando que o nome foi uma aproximação onomatopaica do som que elas produziam, um piado de duas notas, que soava como “doo-doo”.

O último Dodô foi morto em 1681, e não foi preservado nenhum espécime completo, apenas uma cabeça e um pé. Os restos do último Dodô empalhado conhecido tinham sido mantidos no Ashmolean Museum em Oxford, mas em meados do século XVIII, o modelo - salvo as peças ainda existentes hoje - estava completamente estragado e foi jogado fora.

Em 1681, menos de 100 anos depois da chegada dos holandeses à ilha, o Dodô foi declarado oficialmente extinto. Hoje, tudo o que resta do animal são esqueletos em museus na Europa, nos Estados Unidos e também em Maurício. A ciência garante que três espécies de Dodô se extinguiram nas três ilhas nos três últimos séculos, e que só uns treze animais vivos viajaram das Mascarenhas para outras partes do mundo, entre elas um para o Japão. 

Por fim, o Pássaro Dodô ficou imortalizado por fazer parte do desenho animado Alice no País das Maravilhas, de Walt Disney, sendo parte da cultura popular, frequentemente como um símbolo da extinção e obsolescência, sendo frequente o seu uso como mascote das Ilhas Maurício.



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PARA SABER MAIS
O autor é membro da Sociedade Philatélica Paulista. Saiba mais sobre filatelia e conheça coleções de selos, exposições e palestras filatélicas de Roberto Antonio Aniche: 

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