CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA
Engenheiro
Santo André - SP
carlos@sabbahi.com.br
MÚSICA PARA DEGUSTAR XEREZ: ATÉ CARMEN BEBIA!
Salut, mes amis!
Engraçado como nosso cérebro às vezes faz umas cognições totalmente inesperadas... Hoje na aula de francês falamos en passant da ópera Carmen de Bizet e eu lembrei do Xerez, o vinho fortificado produzido lá pelas bandas da Andaluzia, sul da Espanha. Afinal, ela adorava beber um manzanilla na taberna do Lilas Pastia, lá pertinho das muralhas de Sevilha.
É um vinho ainda pouco apreciado por aqui e num curso da Wine School eu achei interessante a informação de que exportadores espanhóis estão investindo fortemente no nosso nordeste, onde o pessoal tem costume de beber destilados nas refeições. Como o Xerez é um vinho com maior teor alcoólico, esta estratégia está tendo êxito por lá e o consumo está se popularizando.
O Xerez é produzido pelo método da solera, que consiste em completar os barris parcialmente esvaziados pela evaporação por vinho mais novo do mesmo tipo, e assim sucessivamente até que o vinho mais antigo da solera chegue ao ponto de engarrafamento.
Quanto ao tipo, o Xerez é classificado como Fino, quando mais leve e delicado, extremamente seco; este vinho amadurece sob uma camada de levedura chamada de flor, que se desenvolve no barril. Por envelhecer protegido da oxidação pela flor, o Fino é um vinho fresco e deve ser consumido totalmente após aberta a garrafa. O Xerez Oloroso é fortificado acima de 15,5% de álcool, o que impede a formação da flor na superfície do vinho, daí sua característica mais acentuada de oxidação - o original é seco, envelhecido, mas a adição de vinho adoçado criou o Cream, versão degenerada para facilitar a exportação. O Manzanilla é um Fino muito seco produzido à beira do mar, em Sanlucar de Barrameda, daí dizem que ele recebe uma notinha salgada no paladar.
A categoria seguinte é o Amontillado, um tipo de Fino que pela grande qualidade suportou bem o envelhecimento, ganhando uma cor âmbar e notas de nozes.
Todos estes são produzidos a partir da uva Palomino, mas há um outro tipo de Xerez feito com a uva Pedro Ximénez, a PX, que resulta em vinhos mais escuros e adocicados. Este vinho também pode ser adicionado à solera do Amontillado, resultando num Xerez ligeiramente doce, chamado Medium.
Dizem que quando você estiver com dificuldade de harmonizar um prato com vinho, certamente haverá um Xerez dentre a paleta o qual se adequará perfeitamente à refeição. Não sou nenhum expert, mas quando quero petiscar umas azeitonas, umas anchovas, jamón... aí com certeza uma copita de Fino ou Manzanilla bem gelado cai muito bem! Entre os que eu já provei - e gostei - estão os da Bodegas Rey Fernando de Castilla, da Bodegas Hidalgo e da Gonzalez Byass.
E se um dia, mon ami, for tomar um Xerez, lembre-se que é um vinho de maior teor alcoólico e sigam o conselho da Carmen: prends garde à toi!
À bientôt!
Fontes: Atlas Mundial do Vinho e Le Petit Larousse des Vins......
_________________________________________________________

Ouça trechos da ópera "Carmen"
________________________________________________________
SAIBA MAIS EM CONSERVADO NO VINHO
________________________________________________________
Nenhum comentário:
Postar um comentário