04 junho 2014

Meu último estágio

Por 
ANIENNE NASCIMENTO
Médica Infectologista      
Maceió - AL
anienne.petrus@gmail.com







MEU ÚLTIMO ESTÁGIO

De repente a médica, prestes a se formar, foi parar do outro lado, num leito de UTI. O que ela testemunhou nos mostra uma imagem comovente e intrigante da fragilidade do ser humano...


Em 1995 eu estava terminando o curso de medicina. Lembro bem que no último dia de aula saímos para comemorar nossa vitória. Enfim tínhamos terminado. Apesar de cansados e desgastados, estávamos felizes e orgulhosos. O que eu não sabia era que ainda faltava um estágio a cumprir.

Ao chegar em casa naquela noite, eu não estava me sentindo muito bem. Sou diabética tipo 1 e havia descoberto esse diagnóstico há alguns anos. Nos últimos meses eu tinha me descuidado mais do que devia. Isso era compreensível, pois andava cheia de preocupações e apreensões, tinha que terminar o TCC, estudar para as últimas provas, organizar a festa, afinal fazia parte da comissão de formatura e tantas outras coisas...

Meu pai saiu comigo na madrugada para me levar ao hospital. Dessa parte não lembro quase nada, só lembro que na sala de espera ele ia e vinha com copinhos cheios d’água que eu engolia avidamente. Minha sede era intensa, eu estava bastante desidratada, com uma cetoacidose diabética grave.

Apaguei...

Alguns dias depois acordei na UTI. Ao ver meu endocrinologista lá, provavelmente escrevendo a minha evolução e/ou prescrição fiquei morrendo de vergonha, com uma vontade enorme de me esconder no leito. Tentei me iludir, talvez ele não tivesse me visto. Não queria que ele soubesse que era eu quem estava ali daquela forma. Será que lembrava de mim? Fazia tanto tempo que eu não retornava para uma consulta. Será que havia me reconhecido? Mal sabia que ele estava ali exclusivamente por minha causa, já há vários dias. Minha família tinha acionado sua assistência e agradeço a bendita oportunidade de ser paciente desse médico, que é humano acima de tudo e que salvou minha vida tanto por competência profissional, como pelo carinho e dedicação.

Após a internação eu evoluí com uma série de complicações. No momento em que ia ser entubada, a médica intensivista constatou um edema de glote e precisou me submeter a uma traqueostomia de emergência. Percebi que respirava através de um ventilador que soprava oxigênio dentro dos meus pulmões, mesmo que eu não quisesse. Aquela situação era extremamente desconfortável, além do mais, eu não podia falar. Imagina o que é isso?

Experimentei ainda o que é ter um cateter numa veia central e também uma veia dissecada pela necessidade de medicações. Apresentei insuficiência renal aguda que me tornou tão inchada que eu mais parecia uma obesa mórbida. Pior foi ter que passar pela diálise peritoneal e depois pela hemodiálise, já que a primeira não foi suficiente.

Poderia listar uma enormidade de coisas pelas quais vivenciei, mas não vejo necessidade. O que escrevi foi suficiente para demonstrar essa experiência e o quanto precisei lutar bravamente pela vida.

Notei que já era querida naquele espaço e que todos me conheciam e me tratavam com carinho, apesar de eu não saber quem era nenhum daqueles seres amorosos conhecidos como técnicos(as) de enfermagem e que depois se tornaram amigos. Lembro também dos(as) enfermeiros(as); fisioterapeutas; profissionais da limpeza e tantos outros que trabalhavam, enquanto acompanhavam e torciam pela minha recuperação.

Depois vim a descobrir que todos os dias, nas horas da visita ou não, o lado de fora da UTI se encontrava sempre repleto de colegas, amigos e familiares que desejavam saber sobre mim. Foi necessário tampar uma janelinha de vidro que lá havia, pois isso estava causando tumulto, já que todo mundo queria me ver. Mergulhada nessa dor imensa, senti-me amada como nunca...

Após quase um mês, finalmente recebi alta da UTI. Fui para o quarto, mas meu estágio ainda não tinha terminado. Apresentei uma recaída. Não tenho condições de descrever o que estava externo a mim naquele momento, nem como tudo aconteceu, mas posso e quero descrever o que estava interno, o que acontecia dentro de mim...

Eu sentia como se estivesse atravessando um ciclo dividido em três partes. Essas partes não eram todas do mesmo tamanho. A “primeira parte do ciclo” ocupava um espaço/tempo de aproximadamente quarenta e cinco por cento deste. Nela eu não via nada. Eu estava na escuridão, com uma sensação de opressão e um aperto muito forte no peito, que me fazia querer correr dali.

Sem muito esforço eu passava para a “segunda parte do ciclo” que ocupava um espaço/tempo de aproximadamente dez por cento. Eu tinha a impressão que era como uma ponte que me levava de um “lugar” para “outro”.

Ao ultrapassar a pequena ponte eu chegava na “última parte do ciclo” que também ocupava um espaço/tempo de quarenta e cinco por cento. Ali eu era tomada por uma sensação de gozo. É difícil descrever. A comparação mais próxima que posso fazer é com um orgasmo, só que este da forma que conhecemos é fugidio, fugaz, enquanto que aquilo era duradouro, perene... E além dessa sensação, eu via um sol bem à minha frente... Eu olhava para aquele sol, sem que meus olhos se sentissem feridos. Eu podia fixar meu olhar naquela luz intensa sem nenhum problema. Quando a retina se acostumou pude perceber que a luz tinha uma forma humana, de mulher, mas não pude ver suas feições...

Eu não sentia vontade nenhuma de retornar para o que chamei de “primeira parte do ciclo”, a “última parte do ciclo” era muito acolhedora e prazerosa, mas eu me sentia sugada. Eu tentava me segurar, mas não conseguia permanecer ali porque a força que me tragava era muito maior que a minha.

Percorri aquele ciclo por diversas vezes e lembro que da última, quando voltei definitivamente para esta tal “primeira parte do ciclo” consegui vislumbrar o que acontecia fora de mim, concluindo que o que me puxava para essa realidade eram três vozes que gritavam ensurdecedoramente chamando meu nome: a voz da minha psicóloga, a voz do meu médico e a voz do meu pai. Via aqueles três rostos bastante angustiados ao meu redor e mais uma vez...

...Apaguei.

De novo acordei na UTI. Era o dia exato em que meus colegas colavam grau, enquanto eu terminava o meu último estágio. Impossível esquecer minha emoção quando, ao abrir os olhos, o colega que estava de plantão se aproximou e disse:

– Parabéns “Doutora”!

Pensei: Doutora? Eu? Essa palavra pareceu música aos meus ouvidos. Agradeci com os olhos brilhantes e embaciados. Olhei em meu derredor e pensei: ainda tenho muito o que fazer por aqui! 

E foi assim que cumpri o meu último estágio da graduação: o de “paciente grave”.

Hoje eu concluo que a “primeira parte do ciclo” cheia de opressão, desconforto e mal estar foi necessária, mas agora me sinto livre e feliz ao percorrer a pequena ponte e me permitir seguir em direção à “última parte do ciclo”. Vejo-me caminhando calma e agradavelmente para a Luz. O caminho do resgate à saúde, ao prazer, à VIDA.

Há dias em que podemos retomar certas lembranças. Há horas em que devemos mesmo resgatá-las. Há momentos em que precisamos revivê-las...


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Muita erudição e pouca porcaria nos fazem artistas incompletos

Por 
HUGO HARRIS
Cineasta, jornalista e professor universitário     
São Paulo - SP
flegetonte77@yahoo.com.br








MUITA ERUDIÇÃO 
E POUCA PORCARIA NOS FAZEM 
ARTISTAS INCOMPLETOS

Livros e filmes são parte fundamental de minha vida. São eles que preenchem minhas horas de lazer e, muitas vezes, também assessoram minha vida profissional. Outro dia, numa aula em que discutia com meus alunos a construção de um roteiro cinematográfico que dois deles queriam fazer, desculpava-me pela referência que trazia a eles: tratava-se do filme “O dilema”, do cineasta americano Ron Howard. É um filme popular que eu, particularmente, não gostei. Mas, naquele dia, enquanto auxiliava meus alunos, considerei pertinente mencionar certo trecho que poderia “iluminar” o caminho que eles queriam percorrer na história que queriam contar.

Esse é um mero exemplo de como qualquer parte de nosso repertório pode em algum momento ser importante para nós. No meio intelectual, principalmente no meio acadêmico, aproximar-se de obras populares, evidentemente de caráter comercial, pode ser tratado como limitação ou, até mesmo, como deficiência. Sim, neste mundo em que vivemos constante patrulha ideológica, quando qualquer opinião que se emite está sujeita a ser debatida e distorcida, também há uma patrulha intelectual. Como se “ser comercial” fosse sinônimo de obra ruim.

Acontece que nas ciências humanas, ainda mais nas artes, qualquer referência é importante. Existem obras que, em seu conjunto, podem ser fracas ou desagradáveis, porém possuem algum elemento que pode ser aproveitado. Vejam o caso do cineasta Quentin Tarantino. Trata-se de um autor com grande conhecimento cinematográfico, desde os filmes do cânone mundial até filmes trash, de arte marcial e independentes. Ele recicla estas referências e transforma em algo único, graças a seu talento e criatividade. Filmes como “Kill Bill” ou o clássico “Pulp Fiction” são ótimos exemplos deste procedimento. Trata-se de releituras de clichês cinematográficos, os quais conseguimos muitas vezes reconhecer, mas com a novidade do tratamento dispensado por Tarantino.

E o conhecimento erudito? Um estudante de arte (seja cinema, literatura, artes plásticas) deve ter em seu repertório certo aprofundamento a respeito de autores fundamentais. Seja um Andy Warhol, Federico Fellini, Machado de Assis, Guimarães Rosa ou Salvador Dali. Qual artista que se preze não conhece a Guernica ou não teve a possibilidade de ler “Em busca do tempo perdido”? Como que um cineasta pretende trabalhar o ritmo de um filme sem nunca ter assistido a “O encouraçado Potemkin”? Como alguém pretende trabalhar as cores se nunca apreciou um quadro de Monet?

Ser um profissional, em primeiro lugar, requer isto que já foi dito nas linhas anteriores: repertório. Mas devemos deixar de lado o preconceito e considerar que tudo pode ser repertório, mesmo que não percebamos isso logo que apreciamos a obra. Leia Harry Potter, veja filmes bregas, escute músicas populares. Mas não deixe de ir a uma boa exposição, de assistir a um espetáculo de dança ou ler revistas literárias. 

Poderíamos, aqui, fazer uma analogia com a famosa frase do filme “O iluminado”, de Stanley Kubrick: “All work and no play makes Jack a dull boy”. Este provérbio traz em si o conselho de que se deve mesclar trabalho e diversão para ser completo, o que inspirou a criação do título deste texto.

Assim, não deixe de estimular o seu lado popular, de ver aquilo que muitos chamam de “porcarias”. Elas podem ser o estímulo que você precisava para ter um algo a mais. Às vezes, o excesso de erudição trava a nossa criatividade. Amplie seus horizontes, mescle seus conhecimentos, veja as tranqueiras e seja um profissional completo. 



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Do giz à Internet

Por 
ROBERTO RAGO
Jornalista e professor de inglês
São Paulo - SP
erago@uol.com.br







DO GIZ À INTERNET

As novas gerações veem o giz como vimos a palmatória. A evolução tecnológica está muito presente na vida dos jovens e à disposição da educação buscando conseguir melhores resultados. 

As antigas professoras/mestras tinham de lutar apenas com um quadro negro e um pedaço de giz para passar os mesmos conhecimentos que as “tias” de hoje, que têm a seu dispor uma parafernália tecnológica que fazem com um “click” e certamente mantém o aluno muito mais interessado.

Um dos problemas mais evidentes é a supervalorização da forma em detrimento ao conteúdo que esvazia um pouco a eficácia dos infindáveis softwares de apresentação. Os suados seminários foram substituídos por cinematográficos “slide shows”, cheios de efeitos especiais, mas vazios em conteúdo. 

O que fazer para equilibrar tudo isso? Como tornar a tecnologia nossa aliada? 

A criança de hoje, capaz de manusear um “I-Pad”, facilmente tem de ser capaz de se localizar no tempo/espaço e de compreender a evolução histórica da humanidade, ou pelo menos de seu país. 


Poderiam ser criados “games” que matassem menos e informassem mais. Que tal transportar as caravelas de Cabral para as telinhas? Ou criar jogos cujos objetivos fossem atingidos através de cálculos matemáticos? Acabar-se-ia de vez com o estigma, que a maioria das mães tem, de que tais “apetrechos” só servem para jogar, afastando as crianças dos estudos.


NOSSOS ALIADOS

O computador e as redes sociais são aliados da educação, quando nos permitem pesquisar muito mais facilmente. Porém, o famoso “ctrl c / ctrl v” faz com que a criança nem leia o que está pesquisando. Nos tempos passados, era necessário carregar os pesados volumes da “Barsa” e copiar o resultado da pesquisa. Pelo menos se lia e copiava-se. E se nada disso funcionasse, pelo menos, exercitavam-se os músculos (como eram pesados aqueles livros!)

A Internet é uma ferramenta muito útil para se ministrar um curso de idiomas, por exemplo. Podem ser feitos “downloads” de filmes para se trabalhar vocabulário, pronúncia e gramática. Pode-se proporcionar aos alunos textos “up to date” de jornais do mundo inteiro. Conseguir contos ou até mesmo livros completos, apresentando-se um pouco da literatura.


Além dos “downloads”, a tecnologia permite dar aulas “on-line”. Hoje você pode otimizar o seu tempo tendo aulas durante as intermináveis horas desperdiçadas no trânsito. Você não precisa perder suas aulas durante as férias, podendo fazê-las refastelando-se ao sol das praias, bebendo “drinks” e saboreando petiscos.

E os professores têm seu mercado totalmente aberto, podendo atingir pessoas em qualquer lugar da sua cidade, ou estado, ou país, ou do planeta. Tudo é uma questão de adaptação.

Prós e contras, tudo e todos os temos. Como diz o velho ditado: “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose...”




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A falta do silêncio e a necessidade de se sentir ouvido

Por 
LIGIA TEREZINHA PEZZUTO
Jornalista     
São Paulo - SP
ligiapezzuto@yahoo.com.br








A FALTA DO SILÊNCIO
E A NECESSIDADE DE 
SE SENTIR OUVIDO

O Serviço de Escuta busca ajudar o próximo, indo além do silêncio e isolamento que as 
pessoas sofrem na idade da tecnologia, suprindo uma necessidade básica do ser humano, a de ser ouvido.

A sociedade de hoje versus o silêncio

Marcada pelo desenvolvimento tecnológico e, com isso, pelo aumento da quantidade de informações, estímulos visuais e sonoros, pela grande velocidade, que encurta distâncias e incrementa o número de atividades exercidas no dia, nossa sociedade atual vive um momento em que o silêncio se faz cada vez mais necessário, a fim de permitir elaborar todos esses estímulos.

Entretanto, atualmente o silêncio incomoda e é visto como ameaça, por isso é preenchido com a fala, com sons e ruídos. É bem presente a ideia de que “um homem em silêncio é um homem sem sentido”(1) . O silêncio, sendo visto como vazio, como falta, impede a reflexão, o pensamento e a contemplação. Desse modo, o homem esvazia-se porque perde o contato consigo, uma vez que não se dá a oportunidade de elaborar todos esses estímulos, assimilá-los e perceber qual o sentido que eles têm para si mesmo.

É necessário dar-se o direito de silenciar para se poder pensar, entrar em contato consigo, observar o mundo à volta e perceber o significado que esses estímulos todos têm para cada um enquanto pessoas únicas, cuja vivência e experiências pessoais levarão a extrair, dos fatos e acontecimentos do dia a dia, percepções, análises, conclusões e até mesmo sentido para a vida.

O silêncio é necessário para o reequilíbrio interior, para conversar consigo mesmo, para sonhar, refletir que caminho se deseja seguir e o que se quer para a própria vida e para si.





Deus fala no silêncio do coração humano. No mais íntimo do coração é que brota a vontade d’Ele. E a vontade mais íntima do coração deve ser também a Sua vontade. O silêncio proporciona esse Encontro, esse diálogo. Possibilita encontrar a resposta para o que Ele quer de cada um de nós no momento e para a nossa própria existência. Serenando o espírito através do silêncio, dá-se espaço ao eu mais profundo e se tem a chance de uma vida mais tranquila porque passamos a ter maior clareza a respeito de quem realmente somos e do que queremos. 

Hoje em dia falta o espaço para que o sentido faça sentido e é no silêncio que isso é possível. Silenciando, um sentido tem lugar, e mais outro e outro mais, levando a reflexões, tomadas de decisões ou de posturas diante dos fatos ou da própria vida.

Uma caminhada, uma sessão de relaxamento, um período de tempo a sós ou o silêncio sagrado nas celebrações litúrgicas podem ser momentos proveitosos em que paramos um pouco e deixamos que os pensamentos se organizem, os sentimentos sejam clareados e se façam as condições adequadas para que decisões sejam tomadas.

Em sua mensagem para o Dia Mundial da Comunicação de 2012(2) , o então Papa Bento XVI coloca que “quando palavra e silêncio se excluem mutuamente, a comunicação deteriora-se, porque provoca um certo aturdimento ou, no caso contrário, cria um clima de indiferença; quando, porém, se integram reciprocamente, a comunicação ganha valor e significado”.


A necessidade de se sentir ouvido

Não é de se estranhar que hoje em dia muitas pessoas tenham a necessidade de sentirem-se ouvidas, uma vez que tantos falam mas poucos ouvem.

Comunicar compreende falar e escutar; nota-se hoje um desequilíbrio aí, em que se privilegia o falar. Como já foi dito anteriormente, a sociedade pós-moderna sente-se incomodada com o silêncio e dá maior valor à fala, apesar de sentir a necessidade de comunicar-se. E, para haver comunicação efetiva, é necessário que uma pessoa silencie para que outra fale. E que cada um fale e silencie também. Comunicar-se é algo inato ao ser humano e todos têm a capacidade de falar, seja verbalmente, seja gestualmente; e todos também têm a capacidade de escutar, quer a linguagem sonora, quer a linguagem gestual ou sensorial. 

É comum perceber, em conversas corriqueiras, que as pessoas de nossa sociedade atual sentem a necessidade de serem ouvidas sem julgamentos, com responsabilidade, compaixão e sigilo. O Serviço de Escuta nasceu a partir dessa necessidade.

A busca do equilíbrio

Ao nos criar, Deus nos fez à sua imagem e semelhança, e tudo o que foi criado tem um equilíbrio original. Precisamos ter cuidado com esse equilíbrio gerado por Ele. Somos participantes da criação e, como agentes, temos uma responsabilidade em relação a ela. Deus mesmo quer a nossa participação, uma vez que ele é Pai, Filho e Espírito Santo e veio ao nosso encontro, deixando uma missão a cada um de nós.

Vemos muitas situações de injustiça e de violência amplamente divulgadas pelos meios de comunicação social. Está ocorrendo a desumanização do ser humano. E isso porque ele está perdendo o contato consigo e com o outro, uma vez que não silencia e consequentemente não reflete, não pensa, não sonha, não contempla. Isso é algo muito sério, mas essa perda pode ser revertida. E uma das formas de revertermos essa situação é escutarmos mais.

Em termos gerais, torna-se necessário ir ao encontro do outro para escutá-lo e sermos escutados, a fim de que o equilíbrio se restabeleça.

Nós nos tornamos mais humanos quando ouvimos as pessoas porque nos sensibilizamos a respeito das alegrias, dificuldades e inquietudes nossas e do outro. Assim voltamos a ser a criatura original de Deus e retornamos ao equilíbrio gerado por Ele. A busca de nosso eu verdadeiro possa por aí.



Para uma escuta efetiva

Há certas atitudes éticas que devem ser levadas em conta num atendimento pelo voluntário do Serviço de Escuta: o sigilo, a discrição, o respeito, a responsabilidade e o encaminhamento. Todas têm razões muito fortes para serem assumidas e colocadas em prática. Estamos lidando com a vida das pessoas, com seu bem-estar.

Todos nós temos nossas particularidades, nossos segredos e desejos que queremos ver respeitados. A pessoa que desabafa conosco não é diferente. Ela deposita em nós esses elementos de sua vida. Assim, temos o dever de respeitá-la e assegurar-lhe o sigilo daquilo que ouvimos. Ao depositar em nós suas inquietações, seus problemas e dificuldades, ela espera que não saiamos a falar por aí o que nos confiou. Devemos ser responsáveis o suficiente para guardarmos conosco o que escutamos a fim de que a pessoa sinta-se resguardada, tal como gostaríamos que fizessem conosco. 

Outra atitude imprescindível para uma boa Escuta é o não julgamento. Jesus nos ensina que não devemos julgar, o que só cabe a Deus fazer. Ora, cada pessoa é um mundo especial e único. Teve vivências particulares e passou por situações distintas das que passamos, além de ter tido uma formação que é diferente da que tivemos. No mínimo não é justo julgá-la por isso. Por vezes ela nem tem consciência do mal que determinada situação em que se encontre esteja fazendo a ela. Delicadamente, é preciso fazê-la perceber isso por si mesma, através de perguntas abertas, como, por exemplo: “Como você se sentiu agindo assim?”.

Segundo o humanista Carl R. Rogers(3), do qual podemos aproveitar os estudos, quando uma pessoa é compreendida e aceita, ela abandona suas falsas defesas e avança construtivamente. Isso significa que, se é compreendida como se sente e é, sem ser analisada ou julgada, pode “desabrochar e crescer”.

O encaminhamento é outro item importante a ser destacado. Devemos reconhecer nossos limites ao ajudar alguém, ao ouvirmos seus desabafos . Algumas vezes a ajuda necessária não está ao nosso alcance por sermos limitados, dependendo do que se nos apresenta. É sinal de humildade reconhecer esses limites e não adentrar nos campos para os quais não estamos habilitados. Assim, se não temos habilitação para psicologia, por exemplo, não devemos entrar nessa área, mas ficarmos no terreno da ajuda humana, uma relação de ajuda que privilegia a “escuta”.

A identidade que se formou do Serviço de Escuta, com base nas experiências adquiridas, permite afirmar que, a despeito da formação do agente que escuta, o Serviço se restringe ao ato de escutar, no que se refere à ajuda humana, isto é, mesmo sendo advogado, por exemplo, o atendimento será como “escutador” e não como profissional da área do Direito. É claro, no entanto, que o bom senso deve imperar. Algumas paróquias criaram grupos de profissionais específicos, organizados fora do Serviço de Escuta, para onde são encaminhadas as pessoas que necessitam de uma ajuda a mais do que aquela que podemos e devemos dar (advogados, psicólogos, assistentes sócias etc.). 



O que se faz é adotar o uso de uma lista de endereços úteis de atendimentos gratuitos em diversas áreas: jurídica, médica, psicológica, psiquiátrica, grupos de autoajuda e assistência social. Dependendo do problema que se apresenta, se houver a necessidade de encaminhar a pessoa a uma ajuda especializada, explica-se claramente isso a ela e se oferece essa possibilidade.

Silenciar é imprescindível, com tantos estímulos visuais, sonoros, olfativos e sensoriais, tantas informações pelos meios tecnológicos cada vez mais avançados e com o aumento de atividades no dia a dia. Ao silenciar, pode-se assimilar o que realmente faz sentido e deixar de lado aquilo que não nos acrescenta nada. Isso é essencial para um equilíbrio interior. Às vezes, em meio a tantas situações em que não há esse equilíbrio, é preciso elaborar os pensamentos e sentimentos através de um desabafo. E é ai que entra o Serviço de Escuta. 
__________________________
(1) ORLANDI, E.P.  As formas do silêncio: - no movimento dos sentidos, 4. ed. Campinas: Ed. da Unicamp, 2002, p.37
(2) Site da Região Episcopal Sé. http://regiase.mco2.net/aspx/DetailsNoticia.aspx?idNoticia=2855. Consultado em: 15/05/2012.
(3) ROGERS, C.R. Tornar-se pessoa. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1981, p. 38 
__________________________
* Texto extraído do livro Serviço de Escuta - o que é e como implantá-lo (capítulo 2), 1.ed. São Paulo: Ave-Maria, 2013, de autoria de Ligia Terezinha Pezzuto. Todos os direitos reservados. 



A obra tem como base servir de explicação e aplicação de um 
Serviço muito importante nos dias atuais: o da Escuta. Com texto coloquial, que parece um diálogo, 
a autora nos apresenta o que é esse serviço e como implantá-lo nas mais diversas comunidades: 
paróquias, hospitais, capelas etc.

A problematização do Fator Deus para José Saramago

Por 
DÉBORA MARTINS
Professora, Pesquisadora e Mestranda em Estudos Literários
UFG - Goiânia - GO
debrinhabwg@hotmail.com








A PROBLEMATIZAÇÃO 
DO FATOR DEUS PARA
JOSÉ SARAMAGO

Revisitando a obra e a vida de Saramago, faz-se oportuno colocar em pauta algumas questões. Com uma espontaneidade ímpar este autor faz uma explanação acerca dos acontecimentos encadeados por atitudes da humanidade no texto, “O fator deus”. Na chamativa, o autor envolve o leitor para caminharem juntos na disposição de presenciar as descrições de ocorrências intituladas “Algures”. Nesta apresentação, Saramago põe o leitor atual em períodos distintos, para focalizar em detalhes o imaginário não visto pela ótica presencial, mas pela captação de informação. Assim, o leitor consegue de forma reflexiva visualizar as cenas em questão.

Os dados são categóricos e falam por si mesmos. Os “Algures” são espaços estritamente escolhidas pelo autor,  para divulgar o ser humano e seus impulsos reacionários. O artigo inicia-se com uma indignação do autor pelas tragédias desnecessárias e pela discrepância dos fundamentalistas justificarem que as ações errôneas são em nome de Deus.

Os “Algures” na Índia são apresentados por Saramago, com a presença de um oficial britânico com a sua artilharia se preparando para atirar, e logo a seguir, um campo sanguinário com corpos decepados, como se a vida humana não tivesse importância alguma. 

“Algures” em Angola, dois soldados portugueses erguem um negro quase morto e separam sua cabeça de uma forma natural, expondo a cabeça em um pau, “ato de vanglória”. Esta atitude serve de divertimento para os soldados, pois o negro era um “guerrilheiro”.

Em Israel, no mesmo momento que soldados israelitas imobilizavam um palestino, um outro militar martelava os ossos da mão de um palestino por este estar a jogar pedra.

Estados Unidos da América do Norte, data 11 de setembro: “Algures” jamais esquecido, dois aviões são lançados contra as torres gêmeas e no mesmo estilo, o terceiro avião se adentra no edifício do Pentágono. Ficaram milhares de mortos soterrados nos escombros, sem direito a um velório digno sendo que suas essências pairavam no ar, pois tudo retornou ao nada.

As cenas repetitivas apresentadas demonstram a ação de homens passivos aos ditames de seu líder espiritual. Trata-se de ações humanas pensadas e articuladas por uma mente reacionária. Fica a pergunta: Por que esse absurdo que os leva a raciocinar de tal forma ao ponto de achar que tem algo divino a lhes ordenar a cometer tragédias tão opostas à “vida”? Que monstruoso DEUS é esse que coloca seus filhos em um combate mortal, no qual vence o melhor ou o mais esperto?

Para Saramago, Deus, esse ser inexistente, é inocente de haver criado um universo inteiro para colocar nele seres capazes de cometer crimes para logo vir justificar-se dizendo que são celebrações do seu poder e da sua glória e, portanto, permanecem alheios a todos esses atos justificados por sua vontade, cujo resultado é o amontoado de corpos como troféus para a passagem ao paraíso repleto de gratificações.

A problematização é o “Fator Deus”, que está presente na mente fanática de seus adeptos, os quais criam uma visão distorcida da realidade, fazendo-os cometer as maiores atrocidades em nome do divino, como se estivessem num campo de batalha e fossem soldados lutando por seu país e por uma causa justa. Para o autor, essa é uma criação mental de uma entidade superior a ditar regras de condutas, e é igual em todos os homens seja qual for a religião que professem. Tudo isso tem intoxicado a mente humana e aberto as portas à intolerância mais sórdida.

O autor no seu artigo nos convida a ficar alerta a esse “fator Deus”, numa atitude de desconfiança para não cairmos na armadilha dos inimigos imaginários, criados pelas mentes que se sustentam nos arcabouços da fé, ao traduzir erroneamente textos que por eles são denominados sagrados, inserindo-os em atos de lealdade a seu ser supremo. A partir daí condenam e destroem quem a eles se contrapõem numa atitude contra a liberdade humana de escolher o que quer para si e para sua vida.



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Realidade distante

Por 
RENATA IACOVINO
Escritora, compositora e cantora
São Paulo - SP
reiacovino@yahoo.com.br








REALIDADE DISTANTE

Eram outros tempos. Dos bens duráveis. Até o tempo durava. Hoje vivemos os descartáveis; o tempo passa sem que o sintamos.

Quase tudo é feito para ter vida útil curta. A utilidade desta vida? Resume-se a isto mesmo: ser útil, usável e pronto. Partir pra outra. Que, logo, já não é a mesma.

Eram outros tempos aqueles dos duráveis. Móveis não cediam às intempéries; roupas eram usadas até gastar; geladeira, aparelho de som, máquina fotográfica, televisor, liquidificador eram produtos que resistiam décadas; nós resistíamos a algo que, agora, tornou-se regra contrariar: éramos menos consumistas – termo, aliás, advindo da modernidade.



O moderno anunciou a diversidade de marcas e modelos em inúmeros setores, sob a máscara do excesso de acesso inerente ao sistema capitalista – caridosamente democrático e perversamente escravocrata.

Antes encontrávamos duas marcas de um produto e bem poucos modelos. 

Atualmente o nível de satisfação é inversamente proporcional à quantidade de coisas colocada no mercado. Mais opção, mais frustração. Atrelamos nossa felicidade ao ter e a colecionar gestos consumistas diários. Assim, relações humanas também parecem bens descartáveis. O contato que mantemos com o semelhante é raso; os assuntos, frívolos. Estamos dispersos e desatentos ao outro – desconcentração imperiosa conosco, inclusive.

Tempos que não são para brincadeiras na rua, conversa prolongada olho no olho, ou amizades incondicionais. Medo e insegurança regem nossos atos e suas ausências; a busca por um suposto amigo é guiada por utilitarismo e pragmatismo. 

Doenças que não se manifestavam, hoje estão à solta, mostrando que também nesse campo há diversidade.

O sucesso é fugaz. A música é exemplo. Enquanto saboreávamos um encarte de LP artisticamente elaborado, ouvíamos faixa a faixa do vinil. Hoje, na palma da mão carregamos centenas de sons que mal damos conta de ouvir.


Pessoas e coisas misturam-se, confundem-se, perdem identidades buscando encontrar-se em algo que, por estar longe, dificilmente alcançarão. O “dentro de si” parece um lugar distante da realidade.

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Texto e imagem extraídos do livro Ocasos e Renasceres, 1.ed. São Paulo: Rumo Editorial, 2013, 
de autoria de Renata Iacovino. Todos os direitos reservados.



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OPINIAS - Ed.01 - Junho de 2014

Quanto custa a ignorância?

Por 
LU PUPIM
Consultora educacional, empresarial e social
Vitória - ES
lupupim@hotmail.com








QUANTO CUSTA A 
IGNORÂNCIA?

Ignorância é uma questão de consciência ingênua ou a ausência de consciência crítica? Este tema desfila em minha mente há muito tempo. O estímulo despertador veio do nosso grande mestre Paulo Freire, na abordagem dos comportamentos observáveis das consciências: ingênua e crítica.

Pela amplitude do tema, fica difícil dar conta. Até porque quantificar ou qualificar a ignorância humana é o mesmo que surfar nas ondas mais nervosas e revoltas das ideias.


Para tornar mais didática a explanação, faz-se necessário dirigir a análise para uma reflexão de pensamentos construtivos de ações que possam sensibilizar algumas estruturas que porventura permeiam o campo manipulativo de podres-poderes.



Para situar a ignorância na visão da consciência ingênua, alguns reflexos podem ser percebidos por meio de atitudes individuais reveladas como:

* Daqueles que sofrem de cegueira mental, que jamais questionam os pressupostos sistemas e crenças da comunidade na qual estão inseridos (normalmente são mentes fechadas por convicções íntimas e velhas ideias, mas que nunca foram testadas).
* A pobreza política que Pedro Demo trata como sendo ela um problema mais profundo do que a carência material, pois, segundo ele, passar fome é uma grande injustiça, mas injustiça ainda maior é não chegar a perceber que a fome é produzida e imposta.
Completando com a citação de Demo: “A importância estratégica da educação está no combate à pobreza política, à medida que for crítica e reconstrutiva, estabelecendo um dos caminhos mais efetivos da emergência do sujeito histórico capaz de desenvolver projeto próprio coletivo.”

A título de contribuição e aproveitando a fundamentação de Paulo Freire, pode-se citar algumas características dos acometidos da ignorância na visão da consciência ingênua:

* Tendência a um simplismo, tanto na interpretação dos problemas, quanto na maneira de encarar os desafios;
* Culto aos fatos passados, colocando-os como referencial para um presente que se quer construir;
* Tendência para aceitar e agir de forma condicionada - massificadora. Muitas vezes esta tendência pode até levar ao desenvolvimento de uma consciência fanática;
* Não se submete à investigação; sua concepção científica é um jogo de palavras; suas explicações são carregadas de magia;
* Parte do princípio que possui um conhecimento amplo, porém seus argumentos são frágeis;
* Polêmico, porém não esclarece por falta de profundidade.

O tema também demanda abrir um espaço para abordar alguns aspectos da consciência crítica vista como o outro lado do combate à ignorância. No entanto vale à pena ressaltar que, em nível de discurso institucional, deve-se prestar atenção na sua conotação, pois normalmente a consciência crítica exige uma prática das atitudes de divergência operando por meio de uma verdadeira “ginástica de alongamento” em favor dos processos de recepção cognitiva na inteligência das pessoas. Além de encorajar o “novo olhar”, isso eleva o patamar crítico delas, libertando-as da falta de rumo que é a mãe da infecundidade.

Quais indicações possíveis poderiam ser experienciadas?

* O exercício permanente do homem é aprender porque só assim ele pode tornar-se genial por meio do conhecimento;
* Abrir as mentes para assimilar novos conceitos, concepções e construir novos conhecimentos;
* Reconhecer a mutação da realidade;
* Indagar, investigar, provocar, interagir;
* Repelir posições passivas;
* Valorizar o diálogo e fazê-lo nutriente essencial do seu viver;
* Amplificar a percepção e ampliar as redes relacionais.

Como contextualização da ignorância, a melhor opção é colocá-la como sendo matéria prima do saber, desde que haja conscientização da responsabilidade na eliminação de barreiras, diferenças, separações, pois o saber é um ato de união. Lembrando também, a título de comparação, que é através das ruínas do psiquismo que se constrói a verdadeira alegria de viver.

Pode-se neste momento dispensar o alongamento da discussão e sugerir ao prezado leitor que busque a melhor modalidade de investimento para o seu capital potencial do saber. De preferência, privilegiando o seu encontro consigo mesmo, sem precisar para isso pagar um alto preço pela destensionalização da ignorância que, de certa forma, será um ponto de partida saudável para se buscar o saber ser em toda plenitude existencial.


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Felina

Por 
MARIA ANGÉLICA GUICHARD
Redatora publicitária, atriz e poetisa
Porto Alegre - RS
guriadapoesia@yahoo.com.br









FELINA

Fitaste tão fundo que me derrubaste,
Com teu olhar de brilho derradeiro,
Aos poucos, fui caindo ao chão, e 
Só então eu te enxerguei por inteiro.

Vi na queda teu imbatível orgulho, 
Morto cavalo de batalhas,
Em que galopaste,
Sem freios

Olhei longe e avistei bem perto,
Os mortos e feridos que sangraste,
Para singrares mais forte, com sorte,
Em outros reinos.

Só do chão percebi
A dimensão das tuas afiadas garras,
E o poder dos teus maléficos 
E intrínsecos desejos

De querer despojar de mim,
Muito mais do que a vida e a alegria,
Pois querias arrancar, dar um fim, 
Aos meus amigos, amor e energia.

Se tu queres mesmo acabar comigo,
Vem logo, anda, me arrebata inteira,
Lambe tudo, escarnes, descoles ossos
Arranca a pele, se é que isso te faz faceira.

E saibas que se te peço mesmo que avances,
É porque sei que não tens a mínima chance,
Podes vir, te apressa, depressa, tô bem calma,
Pois jamais tu terás acesso à minha alma!

* Do Livro "PEDAÇOS DE MIM" (2001)

















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Editorial - Junho 2014

MARCOS GIMENES SALUN
Jornalista    
São Paulo - SP
msalun@uol.com.br







ALGUMAS IDEIAS

O pensamento é, talvez, a nossa maior liberdade, a única que ninguém poderá nos roubar jamais. Assim se expressou o filósofo e matemático francês Blaise Pascal (1623/1662) sobre este ato extremamente individual de pensar: "A nossa dignidade consiste no pensamento. Procuremos pois pensar bem. Nisto reside o princípio da moral."

Vivemos um tempo de intensa turbulência social, em que, espremidos por uma avalanche cada vez mais caudalosa e veloz de informação e difusão de ideias, sentimo-nos muitas vezes tolhidos ou com dificuldade de conduzir no rumo adequado a nossa íntima capacidade de pensar.

Por todas as características que lhe são próprias, o ato de pensar e de expor ideias e pontos de vista torna-se, portanto, uma necessidade cada vez maior para exercitar em plenitude o sagrado exercício da liberdade. 

Especialmente quando vemos esta liberdade ameaçada pela ação de agentes que, declarada ou dissimuladamente, tendem a monopolizar ideias, impor pensamentos e atitudes, ditar, para poder espoliar e extorquir, é fundamental que nossa capacidade de pensar se mantenha em exercício e total alerta. É imprescindível pensar adequadamente para poder agir adequadamente. 

Nessa trilha lhes apresentamos OPINIAS (do Esperanto,  pensar): para dar espaço ao pensamento livre, às opiniões e às ideias necessárias para nossa subsistência como seres humanos capazes de agir para tornar nosso mundo melhor.

Conclamamos, pois, autores que comunguem esta visão para participar e utilizar este espaço, que sempre garantirá a liberdade de expressão, legítimo e democrático direito que norteará a publicação. E convidamos a todos que nos ajudem a divulgar este trabalho e estas ideias livres.

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OPINIAS - Ed.01 - Junho 2014

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EXPEDIENTE: OPINIAS - ANO I - nº. 1 - Junho 2014 - Publicação virtual mensal da Rumo Editorial Produções e Edições Ltda. * Diretores: Marcos Gimenes Salun, Luciana Gomes Gimenes e Naira Gomes Gimenes * Editor e Jornalista Responsável:: Marcos Gimenes Salun (MTb 20.405-SP) * Revisão: Ligia Terezinha Pezzuto (MTb 17.671-SP). *Redação e Correspondência: Av. Prof. Sylla Mattos, 652 - cj.12 - Jardim Santa Cruz - São Paulo - SP - CEP 04182-010  E-mail: rumoeditorial@uol.com.br - Tels.: (11) 2331-1351 Celular (11) 99182-4815.  BLOG: http://opinias2014.blogspot.com.br/ * Colaboradores desta edição: Carlos Augusto Ferreira Galvão (SP), Anienne Nascimento (AL), Sonia Hammermuller (RS), Maria Virgínia Bosco (SP), Hugo Harris (SP), Roberto Rago (SP), Carlos Eduardo de Oliveira (SP), Luciana Gomes Gimenes (SP), Ligia Terezinha Pezzuto (SP), Débora Martins (GO), Renata Iacovino (SP), Valquíria Gesqui Malagoli (SP), Lu Pupim (ES), Maria Angélica Guichard (RS).
Matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores a quem pertencem todos os direitos. 
PERMITIDA a reprodução dos artigos desde que citada a fonte e mencionada a autoria.


QUE PENA! O MUNDO DÁ VOLTAS

Por: ALESSANDRA LELES ROCHA Professora, bióloga e escritora Uberlândia - MG Algum dia você já se perguntou do que depende a s...